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AHIṂSĀ - NÃO VIOLÊNCIA

  • Foto do escritor: Juliana Figueira
    Juliana Figueira
  • 1 de ago. de 2016
  • 3 min de leitura

“A não violência é a força maior da qual a humanidade dispõe" (Gandhi).


No universo do yoga, muito se fala em ahiṃsā, a não violência, que é a primeira conduta ética proposta pelo sábio Patañjali em seu Yoga Sūtras, obra que compila os conhecimentos do yoga. Sendo a premissa do yoga, é desejável que ahiṃsā norteie nossas ações, sentimentos, palavras e pensamentos.



Ahiṃsā, assim como todos os demais princípios éticos da vida de yoga, deve ser refletido, revisitado e compreendido constantemente. Ser não violento é uma escolha que se faz a cada momento da vida.


Certa vez, Swāmi Dayānanda, um dos maiores mestres de yoga, em uma visita ao Brasil, respondeu à seguinte pergunta feita por uma senhorinha que estava na plateia em uma de suas palestras: “Swāmi, hoje a violência está presente por todo o lado em nossa cidade, temos medo até de sair de nossas casas, gostaria de saber o que pode ser feito a respeito disso”. O Swāmi não fez nenhum rodeio e respondeu simplesmente: “seja menos violenta”.


Nós tememos a violência que vemos no mundo e nos sentimos impotentes diante das imensas atrocidades que presenciamos. Às vezes a violência parece ser uma realidade distante das nossas ações, causada por injustiças e sofrimentos.


Diante disso, podemos nos perguntar: como uma senhorinha de cabelos brancos pode ser violenta? Contudo, basta olhar para nossas pequenas ações cotidianas e veremos que até mesmo as pessoas mais bem-intencionadas são, vez ou outra, agressivas, ásperas e hostis.


É possível perceber que manifestamos a nossa agressividade até mesmo com aqueles que estão mais próximos de nós, e por quem o amor não colocamos em dúvida. Não obstante, diante da mínima ameaça ao ego, reagimos violentamente.


Essa violência também se manifesta em nossas atitudes mentais por meio de pensamentos violentos em relação às situações, pessoas ou a nós mesmos. Somos violentos com os outros, mas também somos violentos com nós mesmos. Nutrimos crenças distorcidas sobre nós e não hesitamos em nos desacreditar violentamente diante de qualquer erro ou deslize.


E por que reagimos assim? Por que somos pessoas tão reativas?


Porque há uma ignorância a respeito de nossa real natureza. Estamos presos a uma falsa ideia de preservação, de que somos separados, e de que existe um Eu e um Outro, e esse Eu reage de forma agressiva quando se sente ameaçado. A origem de toda violência é a insegurança e a separatividade.


Sendo assim, neste contexto, ahiṃsā passa a ser a expressão do amor universal. Ao compreendermos que somos a Unidade e não há separatividade entre o Eu e o Outro, a mera ideia de agredir alguém passa a ser absurda. Afinal, agredir ao próximo é agredir a si mesmo.


Quando reconhecemos que também não há separatividade entre o Eu e o Divino, e que somos manifestação do Absoluto que é dotado de potencialidades e perfeição, rompemos com a autoviolência, amando e reconhecendo o melhor em nós.


Portanto, para nos tornarmos realmente pacíficos e amorosos e adotarmos ahiṃsā em nossa conduta de vida, é preciso compreender nossa real natureza, nos reconhecer como Unidade, como a expressão da Inteligência Maior, como o Todo. Somos a vida do Universo, somos Um!


Deste modo, ahiṃsā não se restringe apenas a não fazer o mal a alguém, mas sim optar por fazer o bem quando possível. Ou seja, muito mais do que ter uma atitude pacífica e passiva, é preciso ter uma atitude proativa. É a escolha por ser amável e ter compaixão: “Ahiṃsā pratiṣṭhāyāṃ tat-saṃidhau vairatyāgaḥ” (Quando ahimsā é fundamentada, em sua presença cessam as hostilidades) - YogaSūtras II.35


Que possamos adotar ahiṃsā em nossos corações através do autoconhecimento e da compreensão de que somos parte de uma mesma consciência, livre e plena.


Harih Om!


 
 
 

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