YOGA, MAIS DO QUE A FLEXIBILIDADE DO CORPO, FLEXIBILIDADE DA MENTE.
- Juliana Figueira
- 21 de nov. de 2016
- 3 min de leitura
Ser flexível é um ensinamento importante no yoga. Mas não estamos falando aqui da flexibilidade do corpo, e sim, da flexibilidade da mente.

Através do yoga aprendemos a nos adequar as diferentes situações da vida com alegria, encontrando dentro de nós os mecanismos viáveis para modificar as situações que podem ser modificadas e a aceitar com contentamento as situações que não podem ser modificadas.
Sei que esta pode parecer uma atitude simplista ou mesmo comodista e resignada. A aceitação muitas vezes é tida como alienação, indiferença ou conformismo, mas, na visão do yoga a aceitação é fruto da compreensão de cada situação. É uma sabedoria que se adquire com tempo, discernimento e prática.
Portanto, ser flexível, é compreender a atuação do ego. Compreendemos que o mundo não funciona de acordo com nossas expectativas, mas que existe uma ordem e uma engrenagem muito maior que nossa vontade e nossos desejos e que precisamos nos adaptar as situações para nos mantermos em equilíbrio.
Cultivar este entendimento nos leva a relacionamentos mais saudáveis e a uma felicidade genuína que não está a mercê dos acontecimento externos, mas que é pautada no entendimento do funcionamento da vida e de nós mesmos. O ponto de partida está em compreender que nunca encontraremos uma situação perfeita, mas que podemos conviver com o imprevisto reconhecendo nele uma boa oportunidade de aprendizado.
Reconhecer este fato faz com que passemos a apreciar nossas relações e compreendemos que é necessário um certo grau de adaptabilidade. Não somos capazes de corresponder as expectativas que o outro nutre em relação a nós, tampouco, o outro é capaz de corresponder a nossas expectativas.
Neste sentido temos a oportunidade de trabalharmos nossos apegos e aversões, pois diante de uma situação que não pode ser mudada a aceitação tolerante passa a ser uma feliz solução.
No entanto, a aceitação tolerante em relação ao outro e as situações em geral, somente é possível, quando aceitamos a nós mesmos. Quando desenvolvemos auto-amor e aceitamos que nem sempre teremos o desempenho que desejamos.
Aceitar nossas imperfeições nos ensina a aceitar as imperfeições alheias e redireciona nosso olhar para o melhor em nós. Esse novo olhar de aceitação e tolerância nos conduz a acolher o que somos e a acolher as coisas tal como são, sem que coloquemos os véus de nossas ilusões.
É como acolher a chuva, embora ela possa nos causar certo incomodo algumas vezes, na realidade ela é uma bênção. Sem a chuva o ciclo da vida não acontece. Portanto, deixamos de lado nossas impressões isoladas e pautadas em nossos apegos e aversões, e apreciamos a necessidade do universo e nos contentamos em plena alegria.
Assim, aceitamos a chuva tal como é. Apreciando a bênção que nos traz na forma da fertilidade e todas as demais maneiras em que a água nos é benéfica.
Da mesma forma devemos agir diante das relações, aceitando as pessoas tal como são e apreciando suas qualidades, ao invés de tentar modificá-las. Certas mudanças são difíceis de acontecerem, e se passamos a vida tentando forçá-las, o sofrimento é garantido.
A flexibilidade da mente acontece quando, por meio da compaixão e amor, percebemos as motivações por trás das ações das pessoas. A compaixão nos ensina a sofrer menos com o resultado destas ações. Não que isso vá modificar a forma como elas agem ou reagem em relação a nós, mas passamos nós mesmos a reagir de outra forma.
Quando somos flexíveis ao ponto de nos colocarmos no lugar do outro, refletindo sobre a motivação de suas ações, podemos discernir de forma equilibrada sobre como reagiremos e na maioria da vezes certas coisas que nos tirariam do sério ou nos entristeceria, passa a ter um carga emocional muito menor e reagimos de maneira muito mais equânime preservando a paz e a harmonia.
Assim percebemos que, flexibilidade da mente gera compaixão, piedade, perdão e aceitação. Aceitamos os demais como são. Aceitamos a nós mesmos como somos. E a aceitação evita a lamúria, o remorso e a culpa.
Nos reconciliamos com nós mesmos e com o mundo. Isso expande nosso coração, nossa consciência e o yoga acontece dentro nós.
Hari Om!!
Comments