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ABHYASA- A PRÁTICA CONSTANTE

  • Foto do escritor: Juliana Figueira
    Juliana Figueira
  • 18 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura


Diz o ditado que a “repetição leva à perfeição”. Quando trazemos este pensamento para o contexto do yoga, o ditado faz muito sentido.


Yogah karmashu kaushalam.

Yoga é perfeição na ação (Bhagavad Gita, II:50).


Neste pequeno trecho da Bhagavad Gita (obra essencial do conhecimento védico), Krishna (a personificação da consciência suprema) nos ensina que o yoga é a perfeição na ação, ou seja, o yoga é a ferramenta que nos aperfeiçoa para estarmos conscientes em cada momento da vida, é a capacidade de estarmos íntegros e presentes em cada gesto, palavra, pensamento e sentimento.


No entanto, para alcançarmos este estado de atenção plena, é fundamental que adotemos Abhyasa à nossa prática. O termo Abhyasa, que geralmente é traduzido como prática constante, significa, literalmente, repetição. Assim sendo, a referência ao ditado acima começa a fazer sentido para nós. A repetição (da prática) leva à perfeição (da atenção plena).


No Yoga Sutra, texto fundamental do yoga, o sábio Patãnjali alerta-nos sobre a importância da prática constante: “A prática se torna firmemente estabelecida quando tiver sido cultivada ininterruptamente e com devoção por um período prolongado de tempo” (Yoga Sutras de Patãnjali – I.14).


Este ensinamento nos reforça que a assiduidade e o foco em nossa prática nos ajudam a desenvolver a observância do momento presente nas ações cotidianas. É por meio deste treino diário, regular e constante que ampliamos nossa capacidade mental para estarmos conscientes de cada situação e das nossas reações diante delas.


Isto requer força de vontade (tapas), outro conceito importante na conduta yogui. A força de vontade, nascida da compreensão do propósito da prática do yoga, auxilia-nos nesta jornada, e é ela que nos mantêm focados para que possamos alcançar a tão desejada constância.


Quanto mais praticamos, mais adquirimos mecanismos para lidar com as flutuações da mente e mais nos libertamos das identificações com as emoções e do sofrimento causado por essas identificações. Conseguimos perceber com clareza que, essencialmente, não somos a raiva, a tristeza ou mesmo a euforia que nos acometem vez ou outra. Somos tão somente o observador, que sente e consegue administrar e reagir de forma equânime e equilibrada a todas estas experiências enriquecedoras que nos acrescentam ensinamentos.


Contudo, não deve haver espaço para culpa quando, por ventura, este propósito não é alcançado. É importante nos esforçarmos para manter uma prática constante, mas este esforço não deve ser fonte de sofrimento. É necessário discernimento para compreender e aceitar nossas limitações e para tentar vencer os obstáculos sem que o infrutífero sentimento de culpa nos assombre. O ideal de termos uma prática constante e regular não deve ser uma obrigação, mas, sim, uma referência desejada e cultivada internamente.


Refletir a respeito da prática e sua finalidade pode nos ajudar muito. Ao nos perguntarmos sobre qual é o objetivo da prática de yoga, como nos sentimos ao final de cada prática, se o corpo e a mente sentem alguma diferença positiva quando praticamos com regularidade, as respostas a estas perguntas podem, muito provavelmente, gerar em nós a motivação necessária para mantermos o firme propósito de praticar com disciplina.


Por fim, a busca por Abhyasa deve nascer no coração de todo praticante, simplesmente por reconhecermos que o yoga é o caminho pelo qual reencontramos nossa verdadeira identidade e o quanto isso nos traz paz e felicidade. Boas práticas!


Harih Om!!!

 
 
 

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